Estou a três
passos do fim. Um, dois.
Caminhando
próximo ao fim. Sabia do final. Estou com 30 anos e não sei há quanto tempo não
sorria de verdade, tem uns 15 anos. Eu não pretendia mais sair com o rosto
pintado por aí.
Mais alguns passos.
Quando
você se encontra à beira da morte se pergunta. Se pergunta... como caminhou até
esse ponto, seja um segundo antes do acidente, seja uma morte previsível, seja
uma doença terminal, seja um suicídio. Acho que tudo começou quando me batiam
por ser gordo, na escola, na rua e até na igreja. Lugares que te empurram e não
perguntam como você pensa sobre a vida, sobre seu lanche, sobre como deve
seguir a vida, no que você acredita ou no que você quer fazer. Só te obrigam. Te
arrastam. Te fazem engolir. Tenho fé, na verdade estou em pé por isso. Mas como
odeio a religião, desculpe se isso vai te ferir, mas sou um suicida levo essa
culpa comigo se quiser.
Mais uns tímidos passos.
Eles
já disseram que me amava, respondi na mesma moeda. Mas chega em um momento, que
se você não for um boneco de produção em massa, eles te mandam para um inferno
pessoal. Eles transformam seu segredos em lágrimas, as lágrimas que tanto
transformei em fumaça. Eles já disseram que me amavam. Hoje me taxaram de
vergonhoso. Decepcionante depois de anos, ser diferente. Não estou, não estava
perdido. Sei aonde vou estou a três passos do fim.
Agora estou correndo.
Agora
o vento batia mais forte em meu rosto. E as ondas batiam em meu navio. Mentira eu
não estou em um navio, mas seria legal morrer em alto mar. Me tornei
autodestrutivo criando drama, me afogando em vícios, perseguindo o que tudo
oferecia de pior, mas no fundo eu curtia o drama, e curtia o prazer escondido
em cada dor. Então hoje enterro suas decepções e vergonhas e busco meu prazer
distante.
Corro e vôo para o fim de tudo.