segunda-feira, 25 de maio de 2015

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     Hoje o sol não quis aparecer, mas as pessoas ainda sim se amontoaram em ônibus e foram para as praias. A rádio ainda não encontrou a sintonia certa e a música que está tocando não faz sentido nenhum pra mim. O café está sem açúcar, mas algumas formigas carregam pequenos grãos brancos e formam uma grande fila na minha cozinha. A garrafa vazia desde ontem já não mata a minha sede, na televisão noticias manipulam um povo que já não entende o quanto é vitima e eu posso jurar que tudo de ruim que aconteceu hoje, aconteceu na semana passada. A brisa já não basta, o suor já não cansa, a alma já não se lava. Na esperança de uma nova porta, enfrento aos poucos o que meu coração já não suporta e ele se comporta da forma que coube a si, depois de tantas despedidas não restou mais nenhum adeus. Ela diz que procuro a mulher perfeita como se só isso me satisfizesse, mas não consegue ouvir que foi por sua causa que desacreditei dos antigos sonhos e das coisas que via nos filmes e nos bons livros, mas a culpa não é só sua. Eu esperava muito de você, na verdade, eu esperava tudo. E depois da sua passagem por aqui parece que não me sobrou nada. Como um furacão ou terremoto qualquer. Uma tragédia não anunciada no meio de um domingo de sol. Não queria me sentir vitima, mas são oito da noite e eu estava esperando um sol na janela. A insanidade completa a solidão.

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