sábado, 20 de abril de 2013

Entre tempos



     Ela descrevia seus sonhos de forma tão real, que os seus sonhos se tornaram os meus sonhos. Ela tem os olhos que são como oceanos de esperança que transbordam de alegria quando completam o seu sorriso. Ela não era vaidosa, saboreava em si a simplicidade na qual a vida lhe encaixou, ela faz piadas ótimas de tão sem graças que são. Eu ri. Ela dançava sem o mundo a sua volta. Ela não se importava. Ela trilhou um caminho, uma rota aonde não se via o que estava a sua frente, sem planos, ela só ia, de vez em quando corria, quando a mesmice estava por lá. Ela sempre ia. Ela procurava a coroação de si, ser padrão, sem caprichos, só para provar a si mesma que era maior que suas cicatrizes e feridas. Ela tem um abraço confortável e acolhia as dores de quem lhe era importante. Ela não falava sobre amor, embora seu beijo simplificasse o amor em si. Ela tinha meus sentimentos em suas mãos, ela estava surpresa. Parecia gostar. Parecia amar. Ela sorria. Não sabia o que queria. Nunca soube. Ela ainda não sabe. Ela não quer saber. Lhe disseram. lhe convenceram que o amor machuca. Não há espaço para dor, não mais. Para quem se encontra entre presente e passado.

4 comentários:

  1. Fiquei um tempo sem ler seu blog e me arrependo por isso..

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  2. Ler um texto com a mesma sensação de se olhar no espelho... Aconteceu comigo lendo este texto seu.
    Parabéns por depositar sentimentos em palavras com tamanha clareza!

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  3. O amor é uma faca de dois gumes, já me disseram, não tem escapatória, você sempre sai ferido. E há uma certa beleza em navegar por águas tão profundas e misteriosas mas ao mesmo tempo tão deliciosas. Belo texto=)

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