Havia lhe prometido não parar de escrever, sempre
pensei em te dedicar algo, alguma rima, algum refrão, algo com duas ou três
linhas. Pensei em escrever sobre nossa história, sobre lembrar da primeira vez
que vi o seu sorriso ou da roupa que você usava quando eu disse que te amava
pela primeira vez. Mas há algo de errado nessa nossa história, não sei direito
em que momento nós vivemos nossos desejos, nossos sonhos, ou se eu ainda vivo o
nós dois, como se vivesse um sonho. Me peguei pensando em você antes de dormir,
perdi o sono, enrolei por um tempo, sai de casa e fui ver a lua que pintava de
branco dois centímetros de um céu negro. Resolvi escrever algo curto, algo que
resumisse o que realmente sentia por você, sem ter que passar pelas minhas
lembranças, sem reviver nossas histórias. Impossível. Como é impossível haver lua sem o
sol, mesmo distante, ele sempre será responsável pela melhor parte da lua.
Havia um brilho. Um brilho no meu olhar, desde o primeiro sorriso, até a
primeira paixão, o primeiro ciúme, o primeiro beijo. Você me transbordava. Eu
olhava para lua e depois de algumas lágrimas e duas rodadas de vícios, ainda
não sabia ao certo o que escrever. Então entrei em casa liguei a televisão,
estava passando “The Notebook”
guardei para mim mais algumas lágrimas, a minha cabeça já estava doendo o
ventilador parecia girar devagar, fazendo com que o calor aumentasse. Eu cochilei.
Sonhei. E nos sonhos você exercia o papel de sempre. Era, de novo, a melhor
parte de mim. Acordei assustado, mas sem mexer um músculo só abri os olhos, meu
coração parecia querer sair do peito e eu estava bastante suado. Como se
tivesse acordado de um pesadelo. O filme havia acabado, desliguei a televisão e
tentei escrever algo. Então as outras histórias de filmes eram como nossos
antigos sonhos, dramático, eu a vejo em cada atriz principal ou nas trilhas
musicais. Eu nos via em cada “Edward
e Kim”, “Allie
e Noah”, “Henry e Lucy”...
“Rachel e Ross”, “Seth e Summer”. Sabe quando se espera que o roteirista
esteja torcendo pelo seu amor?! Mas quem escreve a nossa história além de nós
dois? Eu sai de casa mais uma vez, a lua estava atrás das nuvens, mas ainda
dava para ver o seu brilho, sua melhor parte. Como se mesmo tentando esconder a
melhor parte sempre estará presente, sempre será visível. Estará no fundo de
qualquer olhar meu, em meu coração nas mais fortes batidas. Nenhuma lágrima
caiu, mesmo enquanto eu soluçava e me faltava o ar. tudo fora dos planos. Me deitei,
ali, no chão. Me lembrei dos nossos planos, dos nomes fictícios de alguns
futuros filhos, dos nossos amigos sendo
padrinhos do nosso casamento e não sobrar ninguém para ser convidado. Sonhar acordado.
Entrei no meu quarto e as paredes pareciam me contar sobre nossas noites. Cada arrepio,
cada enrolar de pernas, falava sobre as mordidas exatas e arranhões precisos. Me
lembrei do barulho que fazia quando minha barba arranhava seu pescoço e você
sorrindo suspirava. Tirei entre alguns livros um antigo retrato, nossos rostos amigáveis
em um dia de trégua. Atrás uma dedicatória sua dizendo: “você é meu carma, desde 2003 até a eternidade. Te amo.” Observei a
foto por um tempo, reli o que havia sido escrito, mesmo tendo decorado. Guardei
a foto me sentei diante do computador e escrevi a sua carta, descobri que não
havia muito a ser dito, pois ainda não vivemos nada e mesmo se “os fins” forem
constantes e segredos encontrarem a coincidência.
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