quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

com afeto e açúcar de uma mulher feliz.




                Ele a admirava em segredo, tentando manter sempre presente seu olhar de amigo, seu olhar de companheiro. Tentando disfarçar que se sentia feliz, ao sentir o cheiro bom do cabelo dela logo após abraçá-la, eles se olham e trocam sorrisos e por um curto instante seu olhar se perde em uma mistura de admiração e paixão, presa em medo e insegurança ou talvez no medo de arriscar a perder a companhia dela. Ele tentava se reconstruir diferente depois de algumas feridas e desabamentos, mas ela era uma espécie de ponto fraco, uma mulher que modificava a forma de um cara pensar, só por saber sorrir da forma mais bonita. Eles compartilharam uma noite entre amigos em comum, foram em um bar movimentado da cidade, beberam algumas cervejas, conversaram durante um bom tempo, estavam mais próximos a cada gole e aos poucos os outros pareciam ter sumido. Dividiram alguns cigarros, e sortidos apertos nas mãos quando elas se tocavam fora da visão dos outros. Então ele viu o sorriso mais belo, colocou a chave do carro no bolso, deixou sua parte da conta e antes de ficar em pé, ela pediu uma carona ele abriu um sorriso sarcástico e mesmo sem a resposta dele, ela o acompanhou. Antes de chegar ao carro ela o abraçou por trás, o abraço pela cintura e o beijou no pescoço. Eles sorriram juntos e depois entraram. Ele sem perguntar parou o carro em um posto qualquer, comprou mais algumas cervejas e depois foram para a casa dele. Trocaram poucas palavras durante a noite, não beberam mais do que duas cervejas, acenderam dois cigarros e nenhum deles foi terminado por eles. Então ele se sentiu completo o que havia acontecido poucas vezes na sua vida, ele não se lembrava da última. Não se lembrava de alguém que combinasse tanto com ele, alguém que lhe arrancasse os sorrisos mais bobos e o completasse assim. Enfim, ele a amou, ali.
                Ela o admirava, mas era algo que não precisava ser segredo. Ela o tinha como um bom amigo, o achava engraçado um pouco bobo, mas na medida certa. O tratava com carinho, mesmo achando ele um cara bom. Ela se mantêm em uma distância segura dele, para aquele olhar perdido, disfarçado de amigável, não perdesse o controle. Mas naquela noite ela estava diferente, poucas coisas mexiam com ela, nunca foi de se encontrar apaixonada, no máximo duas vezes na vida, e duraram umas quatro semanas no máximo, somando as duas. Além das curtas paixões havia um cara alguém que já foi o motivo de seus sorrisos, alguém que soube jogar o jogo dela. é um desses músicos que fazem sucesso por causa do padrinho ou escreveu duas boas músicas que estouraram na internet e conseguiu abrir alguns shows de artistas maiores, e no meio disso tudo havia uma música dedicada à ela. E o pior a letra era linda. Isso o matava. isso a matava. A deixava diferente, talvez ela não amasse o cantor, mas a música despertava algo próximo da vontade de amar. Então amanheceu. Ela estava usando uma camiseta dele, era grande demais para ela e alcançava o inicio de suas coxas, ela acendeu um cigarro, e logo após se espreguiçou, olhou para o lado e sorriu confusa, não imaginava que ele lhe faria tão bem. Ele um pouco acordado, um pouco dormindo e sem olhar para ela. Foi com a mão até cabelo dela, o colocou atrás da orelha, passou os dedos pelas covinhas, desceu pelo pescoço, e como se tivesse decorado, ligava as pintas do colo e parou após uma cinza cair em sua mão. Ela se apressou, para colocar o cigarro no cinzeiro e aliviar a dor. Não havia tanta razão, mas ela precisava abraçá-lo. E antes de apagar o cigarro, ele já estava beijando o pescoço dela. Uns beijos a mais. E antes de acontecer algo a mais, a necessidade de um café veio para os dois.
                - com açúcar?
                Ele se levantou e foi para a cozinha. Ela o observou caminhando, um tanto tatuado, bagunçado, barbudo e feliz. Ela se sentiu tão bem e logo colocou a calça que estava no chão, levou com ela a camiseta dele e deixou um bilhete.
                - “com açúcar, com afeto”
                Ela saiu sem tentar fazer barulho, ele a observava. Sorriram instantaneamente. Ela fechou a porta e ele parou de fingir que estava fazendo café deitou na cama, sabia que algo assim iria acontecer. Ela fechou a porta e o sorriso confuso insistia em permanecer em seu rosto. Amanheceu e ela havia sido amada. Ele antes de dormir podia escolher qual sonho sonharia. Amanheceu e ele estava completo.
                - “dou um beijo em seu retrato e abro os meus braços pra você.

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